Lítio: energia do futuro?

31Mar22

O lítio é um metal, com aparência semelhante ao chumbo, consistência macia e baixa densidade. Destaca-se de outros por ser tão leve que flutua na água. Este metal surgiu ao mesmo tempo que o hidrogénio e o hélio, resultante do Big Bang.

O século XX foi marcado pela utilização e necessidade do petróleo como fonte de energia e como motor de transformação da sociedade. No entanto, o petróleo é um combustível fóssil, e um recurso natural finito, cujo consumo é um fator agravante das alterações climáticas, ao emitir gases de efeito estufa.

 

Por esta razão, nos últimos anos, a sociedade tem assistido a uma corrida contra o tempo, em que os governos tentam encontrar uma alternativa ao petróleo, que permita manter o nosso modo de vida e o ritmo atual da sociedade. O objetivo é limitar a subida da temperatura global, reduzindo as emissões de gases com efeitos de estufa. Uma das medidas determinadas para atingir este objetivo assenta na redução significativa do consumo de combustíveis fósseis.

 

Um dos recursos naturais apontados como uma das soluções para um futuro mais sustentável é o lítio. Já deve ter ouvido falar deste material no contexto da produção das baterias para carros elétricos, e sabe-se que existe em abundância em Portugal. O lítio é um metal, com aparência semelhante ao chumbo, consistência macia e caracterizado pela sua baixa densidade - é tão leve que flutua na água. Este metal foi resultado do Big Bang, ao mesmo tempo que foram criados o hidrogénio e o hélio.

 

O lítio já faz parte do nosso dia-a-dia há muito tempo, por exemplo, nos componentes dos equipamentos eletrónicos que utilizamos, mas ganhou o seu reconhecimento com o desenvolvimento dos automóveis elétricos, que utilizam o lítio na produção das suas baterias. 

 

Apesar de Portugal ter muita riqueza neste material (é o quinto país com maiores reservas de lítio mundialmente), o lítio que dispomos no nosso país não é atualmente utilizado na produção de baterias, mas sim aplicado na indústria da cerâmica. Nesta indústria, o lítio é escolhido por ser um bom material fundente, permitindo baixar o ponto de fusão das pastas, e consequentemente, reduzir o consumo de energia nas fábricas. No caso da produção de baterias, o lítio é utilizado em forma de carbonato, sendo que os recursos do nosso país não correspondem a carbonato de lítio.

 

Contudo, é possível transformar estes recursos minerais de lítio em carbonato de lítio, para que possa ser utilizado na produção de baterias, através de um processo químico chamado eletrólise. É possível, assim, que no futuro próximo, Portugal assuma uma posição competitiva no mercado, no que diz respeito à produção de baterias.

 

Mais do que uma ideia global, o investimento no lítio terá também um impacto local positivo. A Bondalti, empresa-membro do Pacopar, celebrou no início deste ano um acordo de cooperação com a empresa australiana Reed Advance Materials, que permitirá construir uma refinaria de lítio em Estarreja, e posterior comercialização para os países europeus desta matéria-prima, criada através de um processo ambientalmente sustentável. A tecnologia utilizada nesta parceria, permite o desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento local de lítio ética e resiliente para a indústria de baterias de automóveis elétricos.


 

Referências

https://nationalgeographic.pt/component/content/article?id=1221

https://www.bondalti.com/pt/multimedia/noticias/bondalti-estabelece-parceria-para-refinacao-de-litio/